quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

É Natal! É Natal! Sinos de Natal!

O Natal é uma merda! - Em principio, é assim que penso.

De uma maneira menos catastrófica, também penso como o Ery Roberto nas suas lamúrias sobre o Natal, quando ele passa a sofrer de uma doença chamada pelo nome de dezembrite, conforme ele revela no seu blog com a crônica Carta à Mãe.

Nela, o Ery nos fornece dois links, sendo que o primeiro nos remete ao blog do Jayme Serva, criador do termo dezembrite, doença que atinge os humanos e cujos sintomas ocorrem nesta época natalina, sendo brilhantemente explicados na sua crônica intitulada A epidemia volta.

No segundo link, o Ery nos encaminha ao blog do Lord Broken Pottery que também nos brinda com um lindo post nomeado de Coral de Natal, envolvendo-nos igualmente com as festas natalinas, deixando transparecer, sem o declarar textualmente, que também sofre dessa tal de dezembrite.

Três crônicas sobre o Natal, tão espetaculares quanto os seus criadores, que em seus escritos se utilizam de uma fluidez e objetividade adequadas ao momento ou à época por que estamos passando, usando, em determinados momentos, de uma candura sublimada para decifrar um sentimento de nostalgia sobre essa festa, e por outro, de um sentimento diferente, oposto àquele, onde a alegria que deveria ser própria do Natal fica parecendo àquela “forçada no carnaval, onde todos temos quase que a obrigação de ser alegres, festivos e rebolantes, incomodando mais que o Natal” (Valter Ferraz, aqui, ó!).

Essa citação é de um comentário de um visitante ilustre numa das três crônicas em pauta. E nos comentários – totalizando 83 nas três crônicas até o momento - residem, seguramente, palavras tão próprias delas, não propriamente delas, que nos levam a descobrir que o mundo está repleto de dezembritíticos (Essa quem criou fui eu. Olha lá, hem!), onde palavras e expressões como tristeza, mágoa, dor, resignação, irritabilidade, banzo indefinido, solidão, alienação, aflição, constrangimento, inflamação da sensibilidade provocada pelo Natal, constrangimento, alienação voluntária, depressão profunda compulsória, exumação de um sentimento interior e outras que tais são bastante comuns. Se por um lado são palavras ligadas às lamúrias contidas nas três crônicas, por outro, as suas inserções no contexto são perfeitamente coerentes e simplesmente transformam a leitura de todos os posts – crônicas e comentários – em momentos de pura magia.

Senão, vejam este outro: “Natal só tem graça quando se é criança ou quando se tem filhos pequenos. De resto, é só uma encheção de saco e uma overdose de estupidez e cafonice” (Marcio Gaspar, aqui, ó!). O mesmo comentarista completa em seguida: “Opa! Salva-se a comilança...”

Um outro: “P.S.- Tu não achas que o Natal acabará como um Dia da Criança, uma coisa meio sem graça? Não noto nenhuma magia em meus filhos. O Natal, na minha época, era algo aguardado, um acontecimento, uma data que eu esperava com a maior ansiedade. Qualquer marketing excessivo é nauseante. Hoje, o Natal é chato e nem digo mais Feliz Natal, só me refiro ao Ano Novo.” (Milton Ribeiro, aqui, ó! Navegue nos comentários que encontrará o dele.)

Cheguei mesmo a copiar um comentário numa das três crônicas dizendo que "Natal é coisa de viado.", porém, ao escrever algumas destas mal traçadas linhas, demorei-me um pouco e quando voltei ao post para linká-lo, eis que ele não estava mais lá. Foi pro espaço, com acento agudo e tudo!

Claro que existem comentários de pessoas que têm o anti-virus da dezembrite por natureza e que não deixaram de expressar as suas opiniões inversas ao mote das três crônicas, transformando tudo num bate-papo elegante e, porque não dizer, repleto de um humor extremamente refinado.
o
Também sofro do raio dessa dezembrite e faço coro com todos os que se lamuriam a respeito, desde os criadores das crônicas até os comentaristas.

Assim pensava eu até ontem à noite, com toda a família reunida, quando meu filho Magno e sua esposa Lígia, que estão de passagem por Resende e antes do Natal partem para São João Del Rey, terra da família dela, distribuíram antecipadamente seus presentes aqui em casa, iskrusivi pra mim.

Até então não havia pensado em presentear ninguém e, como conseqüência dessa ausência de disposição, não havia comprado nada, nadinha mesmo de presentes, seja para quem quer que fosse. Afinal, todos os que me conhecem sabem perfeitamente que soy hombre macho pra caramba, porém, não extremamente rígido nas minhas convicções a ponto de deixar de remover ou modificar algumas delas se a réplica, mesmo visual, for convincente, tanto fazendo que seja na forma de uma emoção, grande ou pequena. Nesse momento, presenciando meu filho e sua esposa demonstrando não um costume criado pelas forças de mercado mas sim uma exteriorização de seus sentimentos mais profundos para conosco, me derreti todo e foi tudo uma alegria só. O que era lamúria transformou-se em festa, em abraços e beijos e resolvi que no dia seguinte – hoje - deveria partir para as compras e aí, não visando somente os dois mencionados, porém, toda a família. Porque, se dá pra um, tem que dar pra todo mundo, senão é aquela ciumeira desgraçada.

Aí, conversando com o meu amigo Tóia, nosso pensador aqui do bairro do Manejo, sobre esse assunto, ali no meu botequim da também minha esquina, ele me saiu com esta:

- Óia aqui, Norival. Esse negócio de dezembrite é tudo papo-furado, por que todos os que gemem e choram por causa das dores dessa doença são os primeiros a soltar foguetes no momento inesperado em que são presenteados por um ente querido, podendo ser parente ou não, fazendo com que a moléstia desapareça como por milagre, virando crianças novamente. Na realidade, essas pessoas são como o abacaxi (a bromeliácea, mesmo!) que por fora é todo espinhudo, como as palavras que elas dizem sobre a dezembrite, mas por dentro, ah! por dentro são doces e perfumadas como os seus corações, espelhos das suas almas.

E olhem que estamos na época da safra de abacaxis!

Como estou? Ora, curado da dezembrite e de novo totalmente impregnado do espírito natalino que o pedófilo do Papai Noel tanto gosta.

---------------------------------------------------

Este artigo é uma modesta homenagem a quatro personagens: em primeiro lugar, ao meu amigo virtual Ery Roberto que com sua crônica Carta à Mãe ia me levar a postar apenas um pequeno comentário sobre ela. Aí, logo no início dela ele me deu um empurrão e fui cair na crônica do Jayme Serva. Mais um empurrão e caí na crônica do Lord Broken Pottery. Aí, lendo todos os comentários das três crônicas, achei a picada no meio da mata que me conduziu a escrever o que escrevi aí pra cima. Até então, eu estava enroscado no meio de um cipoal de idéias sobre o tema natalino, mas sem qualquer concatenação uma com a outra. E eu queria porque queria escrever algo sobre o tema natalino. Assim, com suas respectivas crônicas, esses três blogueiros me ajudaram a enfiar o fio na bunda da agulha. A esses dois últimos blogueiros estendo, portanto, as minhas homenagens.

E finalmente, em quarto lugar, homenageio a todos os comentaristas das crônicas saboreadas daqueles três monstros da palavra, que com seus pensamentos sobre a dezembrite, transformados em belos escritos, possibilitaram que eu fizesse o que fiz.

Um outro proveito – Grandioso! - foi conhecer alguns blogs que a partir de hoje passam a enriquecer as “Fontes de onde bebo”, embutidas no elemento de página da coluna da direita do meu blog.

Desejo a todos os meus visitantes um Feliz Natal, um próspero Ano Novo, um big Carnaval e uma animada festa junina, com prorrogação para as festas julhinas. No Natal de 2008 voltamos nessa mesma arena, combinados?

I bibida prus músicus!

6 comentários:

jayme disse...

Eu ainda não achei a cura da dezembrite. Mas constinuarei tentando, afinal pode ser o meu pé-de-meia garantido!
Abraço,

Anônimo disse...

Norival, primeiro digo da minha alegria pelo que escrevi ter te proporcionado essa reação em ti. Foi tão significativa porque alcançou em cheio aquilo que penso seja uma das coisas mais importantes do verdadeiro espírito natalino, ou seja, também construir a oportunidade de ampliar amizades, enriquecer o círculo de relações com outras pessoas, acontecimento que contribui para nos transformar em seres mais humanos. Em segundo lugar, teu testemunho temperado com o conhecido tom humorístico da tua pessoa, pode não ter me curado, mas é certo que foi reforçada dose de um bom calmante. Obrigado meu grande amigo e felicidades aí com um grande Natal.

Ery Roberto Corrêa
www.infinitopositivo.blogger.com.br

Lord Broken Pottery disse...

Norival,
Apoio as palavras do Ery, nada mais dentro do espírito natalino do que celebrar novas amizades. Isso sim é um grande presente. Li com muito prazer o que você escreveu. Curioso ver as opiniões compliladas, a conclusão a que você se remete. Apenas mais um aparte com relação aos presentes. É um dos piores sintomas de minha dezembrite. Ganhar presentes no Natal me dá coceira, me aborrece, me deixa sem graça, sem saber onde me enfiar. Nenhum pesadelo é maior para mim do que aquelas brincadeiras de amigo secreto.
Grande abraço

Norival R. Duarte disse...

Caro Lord Broken Pottery:
Foi fácil compilar as opiniões dos comentários das três crônicas que deram motivo à criação da minha, posto que eu já tinha trançado o fio da meada dela após ter lido tudo no seu post e nos do Jayme e do Ery.
Como o Ery mesmo comentou aqui, e você reforça a opinião dele e com o que também concordo, o que acaba transparecendo nas nossas quatro crônicas, somadas aos comentários delas, é a pura celebração da amizade.
Muito grato por ter visitado o meu blog. Volte sempre.
Um grande abraço, Norival.

Norival R. Duarte disse...

Salve, Ery!
Muito bacana você ter citado que podemos, nos comentários, “também construir a oportunidade de ampliar amizades, enriquecer o círculo de relações com outras pessoas, acontecimento que contribui para nos transformar em seres mais humanos”. É verdade!
Um grande abraço, Norival.

Norival R. Duarte disse...

Caro Jayme:
Obrigado pela alegria que você me proporcionou deixando um comentário no meu blog. Tenho esperanças de que volte a me visitar.
Um grande abraço, Norival.