domingo, 16 de setembro de 2007

Grêmio Recreativo Escola de Samba Ilha da Fantasia

É por causa de pessoas que pensam como o cidadão brasilei-ro Ery Roberto Correa, que não consegue reter apenas para si as conclusões de seus pensamentos, mas que os transformam em textos como os que somos brindados de forma amiúde em seu site Infinito Positivo, para gáudio e apoio àquilo aos que pensam como ele, que também acredito que essa fase da política brasileira pela qual estamos passando vai passar, assim como passaram outras.

Nesta semana, ele nos presenteia com o
texto que leva o título deste meu post, tendo sido eu o usurpador da sua (Ery) criação. Aconteceu que no momento em que postava o meu comentário para ele saber da minha adesão ao que ele havia escrito, ocorreu-me uma disfunção cerebral, uma anomalia que me acomete quando menos espero e que me embaralha todos os sentidos e pensamentos, principalmente estes. Aí, fico babando, rodopiando os olhos nas suas órbitas, ponho-me de pé e passo a imitar diversas atitudes dos macacos. Minha mulher, Luísa Maria, corre para me auxiliar me fazendo um cafuné, depois do que, espantosamente, volto ao normal, pensando ainda na mesma coisa que estava executando. Só que a partir desse momento, o meu raciocínio está expandido para além do normal, obrigando-me a dar um rumo diferente àquele que estava tomando, dentro da mesma lógica, entretanto. Então, encerrei o meu comentário praticamente no ponto em que estava e me agarrei na elaboração do que aqui vocês estão lendo.

Como sempre, nesse texto o Ery abre as cortinas da sua experiência e criatividade para mostrar todo o seu conhecimento, toda a sua expectativa e toda a sua frustração ao som dos acordes do pum-bum-bati-cum-bum-pruqurundum do Grêmio Recreativo Escola de Samba Ilha da Fantasia, cujos galpões para ensaio são justamente os dois prédios do Congresso Nacional em forma de meia lua. Ao final da sua crônica, abandona as mágoas e, como numa premonição, nos apresenta, com todo o seu entusiasmo, o desejo incontido de um futuro onde os nossos filhos, ao menos num instante que seja, merecem a realidade para ajudarem a rasgar a página infeliz da nossa história e verem a "cidade ser feliz e cantar até o dia clarear” ”.

Aqueles que o visitam rotineiramente, não apenas como admiradores do seu estilo como escritor, mas como integrante de um mesmo coral do qual todos fazemos parte, onde nossas vozes são uníssonas nos protestos contra tudo o que denigre a Nação, comungando dos mesmos ideais da nacionalidade que nos é comum, jamais deveremos deixar que nos amordacem, mesmo que temporariamente alguns senadores e deputados, fazendo parte, agora não de um coral, porém de um curral, pensem, ajam e zombem das nossas instituições mais sagradas, aí se incluindo o Congresso Nacional e, por extensão, o Povo Brasileiro, como se estivessem na casa da Mãe Joana.

Nós, como eles, somos temporais. Os princípios éticos, todavia, são atemporais, e eles – senadores e deputados – são responsáveis pela memória do Congresso Nacional, onde jamais se viu tanta corrupção, sordidez, pouca vergonha e a mais grotesca cara de pau.

Fico feliz, de certa forma, porque o candidato a quem confiei o meu voto nas últimas eleições para senador pelo meu Estado (RJ), Artur da Távola, teve o seu total de votos sobrepujado pelos seus adversários na refrega dessa ocasião, ficando ao largo do trio Mamãe eu quero mamar, Aleluia destas bandas fluminenses, cujos integrantes, evangelizados pelo bispos do PT, votaram pela não cassação do mandato do Renão Saiodakinão na semana que se encerra amanhã.

Brasileiros, como o Ery Roberto, existiram e existem em todos os cantos deste imenso Brasil, agindo e pensando como verdadeiros patriotas, para que não se extinguam nem sejam levados ao ostracismo os fundamentos dos que construíram esta nação.

Saibam, então, os 46 senadores que votando ou se abstendo de votar para evitar a defenestração do Renão Saiodakinão que:

- Do Congresso Nacional, com a sua destinação de símbolo da nacionalidade, deve emanar a autoridade que emana do sufrágio livre, a Toga impoluta que aplica os decretos, tudo sob o manto invisível do escrúpulo da Constituição, a mística unção pelo patriotismo de todos: do oficial que o protege, do operário com suas mãos calosas que o engrandece, da criança com seus livros e seu riso, do universitário com a sua pureza. Não a vontade pessoal de senadores e deputados, mas os desejos e as necessidades do povo brasileiro, que em eleições livres sufragou seus nomes para cumprirem os seus mandatos como legisladores, sendo implícita para essa função que as suas ações estejam sempre em consonância com a Ética, agindo conforme compromissos comuns, não de conchavos em seus corredores, mas em reuniões abertas ao público e aos veículos de comunicação, para que todos vejam que ali todas as decisões são tomadas sob a absoluta limpidez na Honra. Da absoluta exação do Dever. Da absoluta imparcialidade no Juízo. Do absoluto rigor no Julgado. Da absoluta submissão à Lei.

- Ali, no Congresso Nacional, todos devem se congregar para manifestar obediência completa ao horror a qualquer coisa que o atraiçoe. A tudo que o conspurque. A tudo que o comprometa.

- Ali, no Congresso Nacional, todos devem se congregar para manifestar obediência completa ao horror à Mentira e à Injúria. Ao Furto e à Violência. Ao Compromisso e ao Negócio. Ao Embuste e à Opressão”.

- Ali, no Congresso Nacional, devem os seus membros atuarem e agirem conforme a conduta de Rui Barbosa, proclamando a força do Direito e a sabedoria das ruas e dos campos.

Esses 46 senadores podem estar certos de uma coisa: eles podem nos entristecer, nos magoar, nos vilipendiar, nos gozar, rir de nós acintosamente. Podem perjurar e peculatar. Podem ser corrompidos ou corromper. Mas não tirarão, nunca, a nossa esperança de um Brasil grande, visto não pelo seu tamanho físico, e sim pelo princípio mais simples e sublime de seu povo: a confiança.

I bibida prus músicus!

Notas:
o
1) Em itálico e nesta cor, o fechamento da crônica do Ery;
o
2) Em itálico e nesta cor, trechos do Discurso “Alocução à Bandeira”, proferido por Jânio Quadros, então Prefeito de São Paulo, em 18/11/1953.