quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Japão: Shinzo Abe e seu gabinete renunciam

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Tóquio (AE, 25.09.07) - O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe e seu gabinete renunciaram oficialmente hoje, abrindo o caminho para que o novo líder do partido governista, Yasuo Fukuda, seja designado pelo Parlamento como novo primeiro-ministro do Japão.
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Abe, de 53 anos, provocou estupor ao renunciar de improviso ao cargo no dia 12 de setembro, após vários escândalos de corrupção terem atingido seu governo.
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Comecei a tomar conhecimento dessa lenga-lenga em 30.05 pp, quando não perdi a oportunidade e postei neste blog um rápido comentário sobre o surgimento desse escândalo.
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Como de outras vezes, e de forma semelhante, os japoneses presenciaram a queda do seu primeiro-ministro e de seu gabinete. Desta vez, o deslize ético de um diretor do ministério da agricultura, com o seu suicídio após ser denunciado por corrupção, no que foi acompanhado pelo suicídio do seu chefe, o ministro da agricultura, também suspeito de corrupção, provocou uma onda de indignação entre os membros do parlamento e acabou chegando às praias do poder executivo.
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Fico pensando, se Shinzo Abe, então primeiro-ministro, desde aquela época até hoje, tivesse dito pelo menos uma única vez “- Eu não sabia de nada!” sobre esse escândalo político, como essa fala teria sido fartamente noticiada no Brasil, tal a similaridade com a nossa situação!
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Se ele não o disse, é porque não o sabia mesmo, ou então a sua vergonha, a sua consciência, levou-o a não tirar o cu da reta, não apresentando ao seu povo desculpas esfarrapadas, mentiras deslavadas. Porém, mesmo assim, o seu silêncio não impediu que o seu governo ficasse maculado e condenado a terminar da forma como terminou ontem. Lá, nossos companheiros de olhinhos rasgados desta nossa conturbada viagem espacial levam ao pé da letra algum ditado popular semelhante ao nosso “diga-me com quem andas que direi quem és”.
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Lá, em menos de quatro meses, defenestrou-se o primeiro-ministro e os seus auxiliares diretos, ficando o povo livre deles. Se esse fato pudesse ter sido presenciado junto aos daqueles dois capetas se suicidando, veríamos um show de bosta voando pra tudo quanto é lado.
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Se fosse por estas bandas, aqueles dois primeiros suicídios bastavam! Seria o maior auê pra todos nós, tupiniquins. Mas lá, o caldo engrossa de maneira diferente, pois não importa se a porção de angu – a riqueza da nação - que aqueles dois peraltas estavam comendo era somente para eles: o importante é que o cheiro dele saiu da cozinha, espalhou-se pela casa, fugiu pra rua, praça, cidade e se espalhou por todo o país.
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A pressão dos membros do parlamento japonês foi tamanha que o angu empelotou com todo o governo, que não teve outra alternativa senão a de pedir arrego. Demitiram-se! Escafederam-se! E escafedido lá nunca mais volta a ocupar cargos públicos!
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Aqui, fala-se mais em corrupção do que em ética. Se fosse apenas no âmbito filosófico, tudo bem, seria um questionamento próprio dos homens que remonta à Antigüidade, nos tempos em que lá pelo Mediterrâneo uns caras como Sócrates, Platão, Arquimedes e outros malucos-belezas passavam o seu tempo divagando sobre tudo e até sobre o Nada.
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Nesse sentido, falar não ofende!
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E se se fala muito em corrupção por aqui, é porque a sua prática entre os nossos políticos tem um componente de caráter predatório sobre as riquezas que produzimos e que ultrapassa o limiar das suas próprias inteligências e as atuações similares dos seus colegas japoneses.
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Porque, lá, os políticos corruptos roubam ou peculam, ou etc, mas sempre conseguem deixar um pouquinho do angu para as despesas básicas e o crescimento da sua nação.
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E por que, cá, a prática da corrupção e seus primos, ou irmãos - nepotismo, peculato, malversação de fundos do Orçamento da União, comissão exigida de empresas privadas para a aprovação de contratos junto às repartições públicas, estatais e outras que tais, desenfreada criação de ministérios e secretarias, com a simultânea criação de milhares de cargos, todos para apadrinhados, apaniguados e companheiros do partido, - leva nossos políticos a querer comer todo o cozido da panela, pretendendo não deixar nada que sustente o crescimento do país, na saúde de seus cidadãos, na educação, na moradia, nos transportes, e por aí vai, assim como na sua infra-estrutura lógica, como na manutenção do sistema viário de rodovias, do ferroviário, do marítimo, do portuário, do aeroviário e, tão importante quanto tudo isso, na ampliação do que existe ou na criação do novo, do que é necessário para o futuro.
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Lá, políticos dessa natureza quando não caem, praticam o harakiri. Cá, como alunos repetentes, voltam após terminado o mandato para melhorarem as suas notas, sem trocadilhos, galgados novamente à posição de comelões por uma imensa maioria de idiotas de compatriotas.
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Então, retorno à minha especulação sobre o limite da inteligência dos nossos políticos corruptos: eles já estão chegando ao fundo da panela, acabando com todo o quitute. Estão ferindo de morte o nosso país, chegando na zona do angu que fica grudado no fundo da panela, a raspa, a qual eles repudiam porque só apreciam a sua parte cremosa. Acabando-se esta, vão todos morrer de fome.
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Quanto àquela raspa, ela é semelhante a uma parcela do povo brasileiro no que ela tem de bom, no que ela apresenta de melhor, e que não se apega a promessas eleitoreiras nem a esmolas do governo enganoso e vil, sendo essa semelhança unicamente metafórica, pois sendo essa parte aquela aparentemente menos nobre do angu, esse maná nacional que aparenta não acabar nunca, pode, depois de mergulhada no leite e adoçada com um leve toque de mel, transformar-se num manjar sem igual.

Como povo amante de nosso país, podemos ser conduzidos para onde nossos líderes, nossos escolhidos, nos levarem, desde que a caminhada seja honesta e o horizonte se apresente como grandioso ou melhor do que está. Podemos, juntos, nos deliciar com a raspa do angu com leite e mel, nunca deixando de nos lambuzar também com o próprio angu. Em não sendo assim, se os exemplos partem para a esculhambação pura e descarada de todos os valores positivos éticos e morais que deveriam nortear nossas atitudes e procedimentos, nada mais nos resta do que engrossarmos o coro de coadjuvantes deste imenso bloco de inúteis e ficarmos dançando até o dia clarear.

Infelizmente, ou o contrário, a raspa do angu é costumeiramente desprezada a cada nova leva de eleitos, que nos enganam e continuarão agindo dessa maneira fajuta e sem-vergonha, cotidiana e descaradamente, quando deveriam atuar de maneira digna na condução dos destinos nacionais e enquanto nossos companheiros de remo nesta canoa furada chamada Brasil não se educarem politicamente.

E tudo indica, pelo navegar modorrento da canoa que não deixa de fazer água, que ela continuará no rumo tomado pelo plesidente de língua plesa por mais 4 anos. É mole?

E já ouviram falar de Dilma Rousseff?
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I bibida prus músicus!

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