terça-feira, 1 de maio de 2007

Jô Soares x Marcelo Crivella

No programa de hoje, creio que o Jô vacilou de maneira notável, por que não estava, não foi ou não é preparado para enfrentar o embate com um político experiente e mestre na oratória que, numa de suas facetas mais espetaculares, ela, a oratória, oferece condições para que se domine a conversa com argumentos sólidos e consistentes. Pra mim, ele perdeu feio para o Senador-Bispo Marcelo Crivella!
Pra quem não viu: semana passada, o Jô fez uma crítica ao projeto de lei de autoria do Senador, que modifica a Lei Federal de Incentivo à Cultura, a chamada Lei Rouanet, o que fez polidamente, como é do seu estilo, mas defendendo humildemente a sua sardinha – atores e diretores de teatro e os próprios teatros, obviamente. Não me lembro de tê-lo ouvido protegendo cantores, sanfoneiros, gaiteiros e outros profissionais semelhantes.

Ele não sabia, entretanto, que havia cutucado a onça com vara curta!

E hoje, em dois blocos, o entrevistado foi o próprio Marcelo Crivella, obrigado que deve ter sido o Jô por causa da lei do direito da resposta.

E o que se viu, segundo a minha opinião, foi um primeiro bloco de quase total constrangimento para o Jô, ao ser embrulhado ao gosto do e pelo Senador, que explicou que o seu projeto de lei incluía apenas a expressão “igrejas históricas” no Artigo 1°, Parágrafo III, Alínea a). Este aqui em baixo, ó:

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Art. 1º - Fica instituído o Programa Nacional de Apoio à Cultura - PRONAC, com a finalidade de captar e canalizar recursos para o setor de modo a:

III - preservação e difusão do patrimônio artístico, cultural e histórico, mediante:

a) construção, formação, organização, manutenção, ampliação e equipamento de museus, bibliotecas, arquivos e outras organizações culturais, bem como de suas coleções e acervos;

° ° ° ° ° ° °


E a inclusão da expressão “igrejas históricas” é para ser entendida como apenas àquelas relativas às edificações centenárias, mesmo, desde o descobrimento do Brasil, incluindo-se – aqui o senador pisou na bola! – os primeiros prédios da Igreja Metodista, da Igreja Presbiteriana, da Igreja Batista... quem sabe mais qual? Maçonaria, Rosa Cruz e centros de macumba também? E a inclusão daquelas edificações na Lei Rouanet visa apenas às suas manutenções: telhados, paredes, muros...

O Jô não percebeu essa tropicada do Senador e ela passou batida.

Porém, pergunto: se o prédio da primeira Igreja Metodista, digamos, for incluída nessa lei, por que também não os de todas as outras igrejas que foram erigidos ao mesmo tempo ou antes do que esse, de todas as religiões, não o poderão ser? Seria uma baita discriminação.

Mas o Jô deixou num comentário o motivo das suas orelhas estarem de pé com a proposta do senador em ampliar dita lei, dizendo, quase que subjetivamente, algo como da contumaz mania e facilidade que os políticos têm de sempre descobrirem brechas, em qualquer lei, e daí arranjarem algum jeito de abocanhar a "sua" parte (palavras minhas, pois não me recordo integralmente da sua fala).

Pra reforçar o seu argumento, o Jô mandou passar no telão depoimentos do ator Paulo Guarnieri (?) e de Bibi Ferreira que, para não fugirem da regra, não querem que outros malandros tirem sardinha das suas redes.

Mas para saber o que compositores, cantores e seguramente atores e diretores de teatros andam fazendo com a tal lei, dêem uma lida na matéria deste post, intitulada Pode não sobrar talento, mas falta vergonha, que capturei no blog Pouco ou Quase Nada, muito bom, antes que me esqueça.

Você vai cair duro ao conhecer a mamata de alguns de nossos ídolos! E tudo com o nosso dinheiro!

Durante o primeiro bloco, segundo o meu pernóstico raciocínio, o que se viu foi o Jô tentando encurtar o tempo para que o sufoco a que estava sendo submetido terminasse logo e o senador Crivella embrulhando-o como o peixeiro na feira enrola com jornal o nosso peixinho.

Já no segundo bloco o Jô começou digressionando sobre a infância do entrevistado e uma outra proposta sobre homosexualismo e suas variáveis, sei lá, pela qual o Senador anda batalhando e que, mal iniciado esse bloco, mudei de canal. E é parte desse bloco que o Jô mandou colocar em vídeo. Do primeiro bloco, nada!

Concluindo: segundo a minha visão, o Jô é o capitão de um dos programas mais interessantes da televisão brasileira e dono de uma memória e cultura espetaculares; pode ser ótimo como escritor, entrevistador, humorista, tocador de tamboretes, maestro, conhecedor de jazz, blues e outros ritmos; pode ter um sofisticado guarda-roupas com mais de quinhentos ternos; pode ser conhecedor da Europa e de New York , que ele diz visitar todo ano mas, como debatedor, é uma bosta!
PS: Iniciei a edição deste post de manhã, procurei referências na Internet e fui a um monte de blogs e sites, inclusive o do Jô. Voltei agora nele - já são 22:00 horas - para conferir e a parte que eu queria ver – todo o 2° bloco da entrevista – não está mais lá!
I Bibida prus músicus!

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