domingo, 6 de janeiro de 2008

Guerra ao fumo

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Só estava faltando essa: Alemanha e França proíbem que se fume em locais públicos. Restaurantes e botequins incluídos.

Já pensou? Tomar uma cachaça, melhor dizendo, tomar um conhaque na França ou um steinhägger na Alemanha, naquele botequim que o cara freqüenta há mais de 40 anos e, seguindo o sagrado e universal ritual, dar umas baforadas gostosas e inebriantes, só que, agora, NA RUA?

E ser obrigado a ficar por alguns minutos fora do boteco, próximo à sua porta, cuja calçada é desprovida de marquise, debaixo de neve ou de chuva, ou de um sol de rachar, sem guarda-chuva, sem capa, sem chapéu, sem touca, até sem jornal, sem guaritas de ônibus, sem buracos de metrô, enfim, completamente a descoberto, como se tivesse sido expulso do local onde bebe as suas manguaças, tal qual um leproso ou um lobo mau que não pode ficar dentro do galinheiro?

E ficar no mais completo e sinistro constrangimento pelo simples fato de estar somente a fumar, somente por gostar disso?

Pois não é isso o que se passa nesses minutos terríveis e inesquecíveis com e para o pobre e desamparado incendiário de cigarros que, ao se colocar como mostruário e símbolo do capeta e ficar passiva e humilhantemente perto da sarjeta da rua, como se estivesse jogado nela, como se ali fosse o seu lugar, exposto e sem meios de defesa, sob o crivo impiedoso e cruel dos olhos de todos os passantes que, sem nenhuma exclusão, não deixam de matutar sobre a cena em pensamentos que reforçam seus olhares acusatórios e discriminatórios, e, ainda, seguramente, ruminando: “- Bem feito, babaca! Tem que se f..., melhor dizendo, tem que se ferrar!”?

E o diabo e que essas decisões são resolvidas nas caladas das noites, nos esconderijos que eles denominam de gabinetes, e são totalmente contra os direitos humanos – podemos dizer assim porque está na moda, dá IBOPE, alguém resolve fundar uma ONG... - de uma minoria pacífica, trabalhadora e ordeira de parcelas consideráveis de povos de todo o mundo.

E isso ainda é pouco!

No Japão, além dessa proibição, É PROIBIDO FUMAR NAS RUAS! Se o infeliz é um amante inveterado daquele inocente e pacífico cigarrinho de filtro branco ou amarelo da sua marca preferida, depois de tomar as suas talagadas de saquê no seu amado boteco e ficar com a garganta arranhando, tem que sair pra rua e procurar um fumódromo público nela, que fica, na média aritmética, A UNS 1,5 KM UM DO OUTRO!

Nós, fumantes, devemos nos unir num ambiente enfumaçado - Cof! Cof! - pelos cigarros que fumamos e tomar uma decisão seriíssima: cortar de nossos roteiros de viagens o Japão, a França e a Alemanha! Ou derrubam essa lei contra os fumantes ou... não sei, não! Pode ser até que comecem a aparecer os fumantes-bomba por aí!
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Antes de terminar, devo dizer que tenho absoluta convicção (detesto a forma "tenho certeza!". Me lembra o Faustão dizendo a cada seis palavras "-Com certeza!") de que este texto, que é mais uma forma de gozação do que propriamente de protesto, mais um tiro no próprio pé do que uma discordância descabida contra tais decisões, será bem recebido pela maioria dos fumantes que dele tiverem conhecimento e que, como eu, sabem que elas são pertinentes e tendem a ser tornar universais e irreversíveis ou, como nos decretos, irrevogáveis.
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A cada dia que passa, a nossa situação fica visivelmente pior e isso nenhum desgraçado de fumante pode negar. Em várias ocasiões, em festas ou outras paradas, notei e continuo notando que apenas eu, no meio de TODOS os presentes, era e sou o único babaca com o pito na boca.
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-Fico constrangido?
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- Sim!
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- Por culpa dos presentes?
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- Não! Eles fingem que nem me olham, o que faz com que eu me sinta completamente desprezado e repudiado, FORA DO CONTEXTO, o que é tão ou pior do que ficar constrangido!
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I bibida prus músicus!
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Update: Publicado no SITE OFICIAL DE RESENDE. Confirma!

2 comentários:

Fernando disse...

Oi, Norival,
infelizmente, mesmo que proibições sejam coisas detestáveis, prefiro, sempre, estar em algum lugar sem fumantes, do que compartilhar de espaços onde aqueles que fumam, imaginam que todos tem obrigação de gostar.
Pois essa, a certeza de que o odor do fumo, e suas fumaças, é um "prato divino", é a certeza que tem os fumantes! E eles não nso perdoam, nós os não fumantes!
Creio que a solução seria locais exclusivamente para os fumantes, onde quem frequentasse não só ficasse exposto, como deveria ser obrigado a consumir.
Mas, caro e fumante amigão, são opiniões, claro. Eu prefiro resguardar meus pulmões, meu paladar e demais orgãos, rsrsrsrsr
abração discordante
fernando cals

Norival R. Duarte disse...

Caro Fernando!
Pra mim, todos os fumantes são idiotas, incluindo eu. O diabo é que não conseguimos parar de fumar ou simplesmente não queremos, como é o meu caso. Temos suficientes muletas para justificar nossas fraquezas pertinentes, desmoronáveis por qualquer criança da pré-escola (Exemplo: minha neta, Duda, de 6 anos). Somos sabedores de que em qualquer situação temos a obrigação de respeitar o direito de todos os não fumantes. O texto deste meu post teve, ou pelo menos eu quis que ele tivesse, no fundo, no fundo, um tom de picardia ou de gozação contra todos nós, fumantes. E o que eu disse que os não fumantes pensam sobre nós é porque se eles pensarem da forma como penso que eles pensam, eles é que estão cobertos de razão.
Dito isso, não creio que possa chamar a sua opinião de discordante. Certo?
Abraços, Norival.