“Ó pa qui, ó...” é uma expressão muito popular da língua portuguesa, utilizada de norte a sul do Brasil, em quantidade semelhante aos cafezinhos que tomamos diariamente, significando “- Olhe para aqui, olhe!”, pronunciada de forma serena, como uma melodia, dita num tom coloquial, escolhida para ser o título deste blog.
Como ela, existem centenas, quiçá milhares de outras que a gente, sem necessidade de bancar o erudito, o diferente, pronuncia e ouve numa constância com a qual nem percebemos.
Temos o “- Ó pa lá”, que é menos brando do que “- Ó palá, ó”, parelhas de uma série interminável como “- Ó paí”, “- Ó pa li”... e por aí vai, mas vejam se vocês conseguem destrinchar os significados dessas aí, só pra começar! Vocês irão ficar admirados com a cultura popular, caracterizada pela sua simplicidade e pela sua objetividade que existem enrustidas nos nossos conhecimentos!
Justificando melhor a minha escolha:
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“Quando se mostra um fato chocante ou surpreendente, dá-se tom de exclamação à frase. Mas é igualmente comum que a frase, com a repetição do verbo no final, implique carinho, dengo, manha, doçura. Mesmo reticência. Se digo "ó pa qui" ao apontar um arranhão no meu braço, sôo objetivo. Se digo "ó pa qui, ó", posso soar acusatório ("olhe o que você me fez!") ou simplesmente dengoso ("ó pa qui, ó..."), pedindo carinho, ou simplesmente queixoso.”
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Esse último parágrafo, inteirinho, assim como todas as outras informações da nossa língua falada mencionadas até esta vírgula, retirei de uma carta escrita por Caetano Veloso e enviada a alguns chegados seus, onde a sentença “- Ó pa qui, ó” é justificada por ele para dar título a um filme rodado em Salvador, que terá trilha sonora sua e será lançado agora em março. Como ele próprio afirma, a sua determinação nessa definição é fruto da sua “experiência falante, cantante e escrevente, e” de sua “ intuição de lingüista”.
Cheguei até ele (Ao título, não ao Caetano!) graças a uma reportagem da Tereza Cruvinel e publicada em seu blog no dia 22.02.07, na globo.com, onde ela relata como chegou à tal carta, ou como essa carta chegou até ela.
Em si, essa carta do Caetano Veloso é uma aula de pura erudição da língua portuguesa, “é um fino exercício de lingüística, uma amostra da intimidade dele com o português falado no Brasil”, motivo porque indico o site da jornalista a quem pertence esse elogio feito ao Caetano, merecidíssimo.
Querem conferir tudo o que digo? - Visitem o site dela! Mormente agora que ela está escrevendo da Antárctica e falando pelos cotovelos sobre tudo de lá, principalmente de gelo e de frio!
Finalmente, a minha opção pela expressão dengosa “- Ó pa qui, ó...”, com reticência, foi a maneira mais franca e objetiva que encontrei para titular o meu blog, de forma que transmita uma mensagem que
“implique carinho, dengo, manha, doçura”, mesmo tornando-me um “queixoso", pedindo, implorando que visitem o meu blog, como você está fazendo agora!
Ao lerem este artigo, tenho certeza de que todos concordarão com o nome escolhido para o meu blog, que fica tendo, assim, o Caetano Veloso como padrinho e a Tereza Cruvinel como testemunha. Não é legal?
Estou, porém, papagoiaba desconfiado que sou, com as orelhas em pé, aguardando algum contra-ataque deles, porém, outro, com a garrucha lubrificada, só na moita!
Sobre o filme que deverá levar o título de Ó pa qui, ó, tem a direção de Monique Gardemberg, é adaptado de uma peça do grupo Olodum, com trilha sonora de Caetano, sendo produto de uma associação entre Globo Filmes, Dueto Filmes, Dezenove Som & Imagens e Natasha Filmes (Paula Lavigne).
A carta do Caetano chegou às mãos de Tereza Cruvinel pela jornalista Tânia Fusco, prometida que lhe fora pela Paula Lavigne.
Corretamente, o endereço eletrônico do meu blog, não estranhem, é opaquio.globspot.com, mas que sempre deixo linkado somente como Ó pa qui, ó...
I bibida prus músicus!